15 trechos ilustrados de um dos melhores livros de educação que li nos últimos tempos

Alex Bretas
5 min readApr 17, 2020

O livro se chama “Ver por si mesmo: seis lições sobre a educação da sensibilidade” e foi escrito por Tarik Fraig. Ainda não foi publicado.

O mestre ignorante não é aquele que explica, que corrige, que vê pelo outro, que diagnostica a distância de seus discípulos da habilidade desejada — ele é aquele que encoraja cada um a ir até o limite de sua própria faculdade intelectual, que evoca de seu discípulo reservas de força até então por ele desconhecidas.

Nós esperamos a chegada do ensinamento perfeito, aquelas duas ou três frases proferidas pela boca de um sábio que mudarão as nossas vidas, que nos iluminarão, que despertarão a nossa consciência para algo maior. “Não espere que o mestre explique tudo pra você — a instrução está sempre aí, você tem apenas de abrir os seus olhos para vê-la logo abaixo de seus pés”.

Um homem culto uma vez foi a um professor zen para perguntar sobre zen. Enquanto o professor zen explicava, o homem instruído o interrompia frequentemente com comentários como “Ah, sim, nós também temos isso…” e assim por diante. Finalmente, o professor zen parou de falar e começou a servir chá ao homem instruído. Ele deixou o copo cheio e depois continuou derramando até o copo transbordar. “Basta!” o homem instruído mais uma vez interrompeu. “Nada mais pode entrar no copo!”. “De fato, entendo”, respondeu o professor zen. “Se você não esvaziar o copo primeiro, como pode provar do meu chá? (Bruce Lee)

As palavras do mestre não são o “fim” do processo de descoberta, não “explicam” nada da realidade, mas apenas abrem o discípulo, iniciam sua jornada, são palavras que o obrigam a velejar.

Como ensinar o outro a ver “o que é” e não “o que o mestre diz que é”?

Aceitação, negação e convicção impedem o entendimento. Deixe sua mente se mover junto com outra para entendê-la com sensibilidade. Então, existe a possibilidade de comunicação real. Acima de tudo, não comece com uma conclusão. (Bruce Lee)

Cair não é uma terrível condição da qual é preciso salvar o outro, mas um direito.

– Bom, diga-me, esses zapatistas vão nos salvar?

– Não, minha plebeia, não vão nos salvar. Isso e outras coisas vamos ter de fazer nós mesmos.

– E então?

– Ah, pois, vão nos ensinar.

– E o que vão nos ensinar?

– Que não estamos sozinhos. (Movimento Zapatista)

O problema, de fato, é a desresponsabilização pelo próprio destino. O problema não está em obedecer a um mestre, mas sim em pensar que esse mestre resolverá tudo por nós. O problema não reside no fato de que haja alguém em cima, mas em acreditar que esse alguém em cima consegue ver mais longe do que todos nós. O problema não é que haja dirigentes, mas sim em pensar que o nosso destino é responsabilidade deles.

Compreender com o corpo significa abandonar os esquemas habituais de percepção, as expectativas dos acontecimentos, esquecer que um pássaro é um pássaro, que uma nuvem é uma nuvem. Compreender com o corpo significa operar o movimento inverso de deslocamento: se, antes, nos apropriávamos do sensível submetendo-o aos nossos esquemas de inteligibilidade, isto é, compreendíamos o mundo, agora é o contrário: é o sujeito que se desloca, ou melhor, que se deixa deslocar pelo sensível, que se deixa levar para fora de si, de seu eu, de seu contexto, de seu entorno, de seu tempo.

[É preciso] remover do olhar a projeção adulta que só faz ver nas crianças faltas, deficiências, possíveis vir-a-ser, não-razão, não-lógica.

Bastasse à domesticação apenas amansar tudo aquilo que há de bestial em nós. Mas não: ela ainda nos faz desejar os biscoitos.

O animal humano — bem como a natureza — não cabe em nenhuma forja, em nenhuma forma, nenhum óculos é amplo o suficiente para dar conta de toda a sua vista, nenhuma interpretação é boa o suficiente para abarcar toda a sua sensibilidade, nenhuma filosofia completa o suficiente para tornar compreensível toda a sua realidade, nenhum código moral rígido o suficiente que não deixe escapar nenhum vício, nenhuma religião “pura” o suficiente que possa eliminar completamente a primordial mistura de tudo com tudo.

Colocar seus discípulos em alerta contra ele próprio pertence à humanidade do mestre. (Nietzsche)

Afinal, por que é que se procuram mestres? Por que é que se buscam os grandes homens? Por que é que se procuram estátuas, alguém a venerar, alguém a coroar? A resposta de Zaratustra é clara: procura um grande homem aquele que ainda não encontrou a si mesmo.

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Alex Bretas

Alex Bretas é escritor, palestrante e fundador do Mol, a maior comunidade de aprendizagem autodirigida do Brasil. Saiba mais em www.alexbretas.com.