5 verdades contraintuitivas sobre a genialidade

Alex Bretas
4 min readMar 18, 2021

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Talvez você acredite que existem algumas pessoas que nasceram para ser geniais. Que vieram ao mundo possuindo um “presente dos deuses”. E que nós nunca conseguiríamos atingir o mesmo grau de inteligência.

Isso não é verdade.

Pior: como muita gente acredita nisso — um claro reflexo do nosso sistema educacional -, a crença se autorrealiza, ou seja, poucas pessoas conseguem despertar para a sua própria genialidade.

A partir da minha experiência com aprendizagem, eu entendo que existem ao menos 5 aspectos da genialidade que poucos se arriscaram a compreender.

1. Gênios passam muito tempo refinando suas zonas de excelência em vez de ficar tentando preencher seus gaps.

Eis uma verdade neurológica sobre o nosso cérebro: é difícil desenvolver neurônios em áreas onde já existem poucos. É mais provável que você evolua mais dentro dos seus pontos fortes, ou ao menos conectando suas novas investigações com aquilo que você já sabe fazer bem.

Ficar obcecado em trabalhar todos os seus pontos fracos te tornará, no máximo, uma pessoa medíocre.

Além disso, os caminhos pelos quais os gênios aprendem são caminhos absolutamente singulares. Não existe um igual ao outro. Eles entendem que atingir a excelência em qualquer área não é algo padronizado, ou seja, não existe uma fórmula única.

Você precisa encontrar o seu próprio jeito, que geralmente envolve “hackear” os caminhos preexistentes.

2. Gênios se permitem criar o novo a partir da “mixagem” de uma diversidade de fontes.

É como a criatividade funciona: a partir do cruzamento aparentemente inusitado de referências. E eu digo “aparentemente” porque uma combinação inusitada se torna óbvia depois que alguém a nomeia.

Sabe quando você dá o nome para o bebê e, de súbito, ele já começa a ter cara de “Ana”, “João”, “Adriana”?

É a mesma coisa quando alguém ousa criar algo novo a partir de combinações que ninguém nunca fez antes.

Os gênios entendem que não é pecado misturar diferentes campos do conhecimento, mesmo os considerados “não acadêmicos” ou “não científicos”. (ao mesmo tempo, eles também sabem distinguir informações falsas ou pseudocientíficas, uma habilidade que tem a ver com o ponto 4)

Quando algo de valor surge a partir de um encaixe imprevisível de ideias, o gênio é “cara de pau” o suficiente para propor e defender sua nova ideia perante o mundo.

3. Gênios sabem que a melhor forma de superar um sistema obsoleto é criando um novo, e não ficar tentando consertar o antigo.

A frase acima, inspirada em uma citação do genial inventor e arquiteto Buckminster Fuller, é tão verdadeira quanto negligenciada.

Se nós dirigimos muita atenção aos problemas e ao que está dando errado, a tendência é que isso se amplie. Como diz o escritor James Clear, “em um número surpreendente de casos, o caminho para se resolver um problema é ignorá-lo”.

É claro que você não irá apenas ignorar o problema e fingir que ele não existe. Você irá direcionar sua atenção para criar novos contextos — ou “novos mundos” — em que o problema atual deixe de existir ou se torne irrelevante.

Compreender as diversas camadas de um problema é importante. Ficar tentando “dar murro em ponta de faca” é inútil.

4. Em vez de confiarem eu sua inteligência inata, gênios se tornaram extremamente hábeis em aprender a aprender.

Todas as biografias de gênios que já li até hoje — Frida Kahlo, Albert Einstein, Santos Dumont, Mahatma Gandhi, Martin Luther King e tantos outros — possuem um denominador comum: todos eles dominaram a arte de como aprender por conta própria.

Em algum momento de suas vidas, os gênios entenderam que a escola e o sistema educacional formal são responsáveis apenas por uma pequena parte do seu aprendizado. Na verdade, eles perceberam que, em muitos momentos, esse sistema mais atrapalha que ajuda.

Pessoas geniais sabem aprender a partir de uma variedade de fontes — Conteúdos, Experiências, Pessoas e Redes. E elas fazem isso o tempo todo, geralmente a partir de uma paixão e/ou de um propósito forte.

Nesse processo, elas também desenvolvem senso crítico, que eu defino como o hábito de questionar continuamente as próprias formas de se construir conhecimento.

5. Gênios são produto do contexto e do sistema social em que estão inseridos.

É tentador olhar para pessoas notáveis e enxergá-las como inerentemente superiores. Assim, fica fácil justificar nossa dificuldade em nos apropriarmos da nossa própria genialidade.

“Ele nasceu com o dom”. “Eu nunca serei que nem ela”. “O talento dele é sobre-humano”.

Não é bem assim. Muitas pessoas que consideramos geniais tiveram sucessivas oportunidades — leia-se privilégios — de refinar seus talentos ao longo da vida.

Esses privilégios podem ser econômicos, raciais ou de gênero, mas também podem se manifestar na forma de estímulos e exemplos positivos na família, por exemplo.

Mesmo se você vem de um contexto social desprivilegiado nesse sentido, ainda assim é possível encontrar a sua genialidade. Vai dar mais trabalho, mas é melhor acreditarmos nisso do que em um determinismo social.

E você, o que pensa sobre a genialidade e nunca teve a oportunidade de dizer?

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Alex Bretas

Alex Bretas é escritor, palestrante e fundador do Mol, a maior comunidade de aprendizagem autodirigida do Brasil. Saiba mais em www.alexbretas.com.