A merda quentinha 💩 como sair dela — se você realmente quiser
🕳️ A merda quentinha é um buraco estreito que nos enfiamos em alguma esfera da vida — familiar, profissional, financeira, relacional, educacional etc.
Embora nos forneça algum nĂvel de segurança e conforto (talvez por já estarmos nela há bastante tempo), a merda quentinha… Ă© uma merda.
Talvez você já saiba que está em uma situação dessas, talvez não.
Nossa habilidade em esconder de nós mesmes a realidade da merda quentinha costuma ser alta, pois ninguém quer lidar com o fedor da dissonância cognitiva.
Outra imagem interessante que aponta na mesma direção é a gaiola de ouro: reluzente por fora, sufocante por dentro.
Ambas as metáforas são para dizer o seguinte: sair do buraco é complicado não apenas porque exige esforço, mas porque o próprio buraco nos seduz a permanecer.
Ainda assim, “liberdade caça jeito”, não é Manoel de Barros?
Existe um caminho para sair da merda quentinha, e esse caminho passa por uma ressignificação da ideia de coragem.
(Antes disso, uma ressalva importante: nem todos os buracos sĂŁo iguais — eles variam em função do tamanho dos privilĂ©gios de cada indivĂduo. NĂŁo estou sugerindo que somente uma coragem ressignificada seja capaz de dissolver desigualdades estruturais, por exemplo. Em alguma medida, porĂ©m, o truque a seguir pode funcionar para qualquer pessoa)
Nos ensinaram ao longo da vida que a coragem sempre veste um uniforme heroico 🦸🏽
Nesse sentido, ser corajosa(o) Ă© como se jogar de um precipĂcio — afinal, vocĂŞ Ă© uma heroĂna, um herĂłi, e todo herĂłi sabe voar.
Na nossa cultura, a coragem sempre foi construĂda como um atributo para se buscar algo muito distante da realidade atual. Portanto, ou vocĂŞ conquista poderes sobrenaturais que te habilitem a fazer isso, ou nada feito.
Uma ideia alternativa de coragem, em vez de se jogar no precipĂcio esperando suas asas nascerem subitamente na queda, Ă© colocar os pezinhos na água.
Colocar os pezinhos na água significa criar intencionalmente microsituações para testar como você se sente nessa nova temperatura que almeja para si.
Você pode colocar os pés na água uma, duas, três vezes ou mais antes de mergulhar outras partes do corpo. Não há pressa. Você está se dessensibilizando da sedução da merda quentinha — ou da gaiola de ouro — enquanto faz isso.
Tornar-se um bom projetista de microsituações de coragem é o que te fará sair da merda quentinha.
Estará frio lá fora, mas pelo menos não será uma merda.
Obs.: falamos sobre a coragem como “colocar os pezinhos na água” no quinto episódio da primeira temporada do transborda cast, que ainda não foi ao ar. Na conversa, além de mim e do Luis, tivemos a presença ilustre da nossa amiga querida Marina Judice.