Aprender é: fluir entre a responsabilidade e a perguntabilidade

Quando estive na Finlândia para participar da IDEC 2016, a Conferência Internacional de Educação Democrática, preciosos insights me assaltaram. Algumas das pérolas mais marcantes foram compartilhadas por Bas Rosenbrand, designer e facilitador do projeto holandês Schools of Connection (cujo site infelizmente é tão ruim que nem vale colocar o link aqui).

Eis uma síntese do que aprendi com ele:

Queria enfatizar a reelaboração brilhante que ele faz do termo “responsabilidade”. “Responsa-habilidade é a habilidade de sentir o ambiente e responder corajosamente a ele”. Sentir o ambiente e responder corajosamente. É isso.

Nesse sentido, aprendizagem passa a ter menos a ver com conhecimento e mais a ver com as capacidades de percepção (sentir o ambiente) e adaptação/recriação de realidades (resposta corajosa). Exatamente o que, ao meu ver, o pessoal do projeto humana.social está desenvolvendo: uma teoria da aprendizagem desvinculada de uma teoria do conhecimento. Krishnamurti já havia entendido isso, assim como Maturana.

Um outro lado da moeda é a perguntabilidade. Isso não foi o Bas quem disse, mas me inspirou a dizer. Pergunta-habilidade é a habilidade de perceber as importâncias invisíveis e investigá-las profundamente. Mais uma vez: perceber as importâncias invisíveis e investigá-las profundamente.

Talvez a perguntabilidade seja um desdobramento da responsabilidade. Quem sente o ambiente e é capaz de responder corajosamente faz boas perguntas. Faz as perguntas que geralmente não são feitas (é preciso coragem). Mesmo assim, é sempre bom ressaltar a pergunta num mundo viciado em respostas.

Aprender é: fluir entre a responsabilidade e a perguntabilidade.

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