As pérolas ocultas das Olimpíadas
Acabaram as Olimpíadas.
Engraçado como que, ao meu ver, as histórias paralelas superam a narrativa central de competição.
Dois amigos, Mutaz Essa Barshim, do Quatar, e Gianmarco Tamberi, da Itália, ficaram empatados na final do salto em altura. Decidiram compartilhar a medalha de ouro, depois de anos se apoiando mutuamente em momentos delicados da trajetória de cada um.
Neeraj Chopra, atleta indiano de lançamento de dardo, aprendeu o esporte assistindo vídeos de um campeão mundial pelo Youtube. Levou a medalha de ouro. Se isso não é aprendizado autodirigido, eu não sei mais o que é.
Simone Biles, ginasta norte-americana, desistiu de disputar algumas finais por uma lesão não física, mas mental. Sendo mulher e negra, sua decisão denuncia não apenas os abusos do treinamento olímpico onde tudo vale para vencer, mas também a opressão sistêmica que pisa mais violentamente em certos grupos do que em outros.
Pra mim, é muito mais emocionante enxergar o humano em vez do herói. A cooperação, a aprendizagem, o equilíbrio, tudo isso são as pérolas ocultas dos jogos.
Infelizmente, o contexto pressiona para que a maioria insista em acompanhar somente o ranking de medalhas, o frenesi da vitória e o amargor da derrota.
Que coisa mais chata.