Como transformar trivialidade em aventura

O caso real das máquinas de pelúcia

Alex Bretas
2 min readSep 18, 2023

Eu estava passando pelas ruas de Araçoiaba — onde fizemos a Residência Mol — quando vi uma máquina que provavelmente você já conhece:

O que você acha desses artefatos?

Algo trivial? Um simples divertimento para as crianças?

Hmmmm, não tão rápido…

Existe uma grande sacada por trás das máquinas de pelúcia. Uma sacada que, ao meu ver — pode ser que eu esteja ficando maluco — , tem tudo a ver com aspectos centrais da aprendizagem autodirigida.

Pensa só: os ursinhos poderiam ser vendidos normalmente em lojas de brinquedo (e de fato são). Você paga um valor X e recebe um bichinho fofo e amável em troca.

Mas essas máquinas não vendem ursinhos do jeito usual.

Elas criam uma experiência (ou, podemos dizer, um jogo) com base em 3 coisas:

🧭 escolha, 🏔️ aventura e 😤 persistência.

Primeiro, a pessoa jogadora precisa escolher qual ursinho vai tentar capturar.

(Antes disso ainda, ela deve escolher se investirá ou não seu tempo naquilo. Não há obrigatoriedade, embora haja um preço — sim, alguém deve ter ficado rico criando essas engenhocas)

Ela pode assumir menos riscos e levar os tentáculos em direção a um ursinho mais superficial, com um chance de sucesso maior.

Ou então se arriscar mais e tentar pegar um bichinho mais difícil.

O segundo fator é aventura, pois é disso mesmo que se trata essa experiência.

Uma aventura envolve emocionalidade, esforço, desafio e possíveis recompensas (subjetivas e/ou objetivas).

Aventuras na vida podem durar décadas, anos e também poucos segundos, como é o caso. Aventuras miúdas também contam.

Por fim, e talvez como um subfator dentro de aventura, temos a persistência.

Resolvi destacar isso por um simples motivo: se você já tentou brincar nessas máquinas, sabe que não é nada fácil conseguir capturar um ursinho.

É claro, senão a invenção não serviria ao capitalismo — e, além disso, não seria tão divertido.

Persistência, aqui, anda lado a lado com o aprendizado. Você tenta, reflete sobre sua tentativa e busca fazer melhor na próxima.

Eventualmente, você recorre a dicas de quem já viveu isso mais do que você (sério: o Fantástico chegou a fazer uma reportagem só sobre como aprender a pegar os famigerados bichinhos).

Percursos de aprendizagem autodirigida sempre envolvem escolha, e os que realmente valem a pena contam com boas doses de aventura e persistência.

E você, já passou por uma dessas máquinas hoje? E os seus percursos de descoberta na vida, como vão?

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Alex Bretas

Alex Bretas é escritor, palestrante e fundador do Mol, a maior comunidade de aprendizagem autodirigida do Brasil. Saiba mais em www.alexbretas.com.