Conexão e aprendizagem: para aprender mais, seja menos mental
A mente é muito boa quando utilizada como ferramenta. Projetamos algoritmos que aprendem, imprimimos órgãos humanos, editamos genes para curar doenças. Mas a mente não é muito boa quando assume o comando de nossas vidas. Ela opera com imagens do passado, e essas imagens podem nos impedir de ter uma experiência de conexão. Será que conseguimos desligar o mental quando ele não nos convém?
A resposta é: a maioria de nós não.
Mas o que é conexão e por que isso importa? Conexão é cultivar presença aqui e agora e permanecer curioso. Sustentar uma abertura radical perante o outro e o mundo. É se perceber pensando, sentindo, desejando. Quando estamos presentes e a mente está calma, as pontes criativas emergem. Não é necessário meditar no sentido tradicional — sentar de pernas cruzadas, fechar os olhos e se concentrar na respiração — para alcançar conexão, embora isso ajude e muito. Na verdade, um dos sentidos da palavra meditação é justamente contemplar, olhar com atenção, apreciar. E esse olhar para a vida pode ser ativado em qualquer momento, em pé ou sentado, de olhos abertos ou fechados, tomando café da manhã ou em uma reunião de trabalho.
Vivemos uma disputa cruel pela nossa atenção. A atenção é o recurso mais valioso que temos. Podemos presentear a nós mesmos com ela, como quando nos permitimos cozinhar um prato demoradamente, aproveitando cada detalhe do processo. Também podemos presentear o outro, por exemplo quando oferecemos escuta e ajudamos alguém a nomear o que se passa em seu mundo interno. Nenhuma das duas coisas acontece com muita frequência. Nosso corpo, invadido pela cultura instagramável, ficou refém de múltiplos estímulos. Responder o crush ou o amigo no Whatsapp gera um prazer mais imediato do que permanecer atento ao que estávamos fazendo. Ficamos nervosos quando alguém não nos responde rapidamente. Não é à toa que vivemos uma epidemia de ansiedade.
O cérebro é muito ruim em fazer mais de uma tarefa simultaneamente. O modo multitarefa é um mito: na verdade, se tentamos fazer várias coisas juntas, a atenção precisa ser redirecionada a todo momento, e isso é desgastante.
Ansiedade é quando estamos presos em um futuro hipotético a partir de projeções do passado. Se estamos muito ansiosos, não conseguimos estar realmente presentes. A ansiedade atrapalha a conexão. Conexão é o recurso mais escasso hoje. Por isso é tão importante.
A princípio parece estranho associar conexão à aprendizagem. Se, quando a mente assume o controle, significa que não estamos conectados, qualquer ideia de aprendizagem que se baseie apenas na mente e no conhecimento é contrária à conexão. Mas será que realmente acreditamos que aprender é só “adquirir” conhecimento?
O ambiente escolar impositivo, cognitivista e com aulas de 50 minutos despedaça a atenção. Somos ensinados a não valorizar a curiosidade, porque o que importa é o que vai cair na prova. Ao mesmo tempo, os seres notáveis da nossa sociedade são os inventores, empreendedores, projetistas e cientistas “fora da curva”, justamente as pessoas que superaram o paradigma educacional tradicional em favor da aprendizagem com conexão: Steve Jobs, Albert Einstein, Elon Musk. Engraçado como cobramos obediência das crianças e enaltecemos a ousadia dos adultos, não?
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