Desafio #16: Reconheça o não saber
[Desafio 30 Dias de Hábitos de Aprendizagem]
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Conjunto: Humildade
O que é esse desafio?
Esse hábito pode ser descrito assim (“loop do hábito” de Charles Duhigg):
- Deixa: sempre que estamos aprendendo algo
- Rotina: perceber a importância do não saber
- Recompensa: conexão, insights
Isso é o oposto de:
- Deixa: sempre que estamos aprendendo algo
- Rotina: achar que, em algum momento, você “dominará” o assunto
- Recompensa: segurança, inflar o ego
Por que esse desafio é importante?
Como você costuma desenhar uma árvore? Provavelmente você desenha algo parecido com isso, certo?
A maioria de nós tende a desenhar árvores a partir de um tronco, galhos e folhas. No entanto, isso representa apenas a parte mais visível da árvore. As raízes raramente aparecem com destaque em nossos desenhos. Com apenas tronco, galhos e folhas, o que temos é uma meia árvore ou uma árvore morta.
Uma árvore viva deveria ser desenhada com as raízes ocupando um espaço tão importante quanto seus outros componentes. Essa metáfora representa a conexão profunda entre o desconhecimento (as raízes que não se vê) e o conhecimento (o tronco e os galhos). Uma árvore sem raízes é uma árvore morta. O conhecimento desconectado das raízes da falta de conhecimento (isto é, perguntas, dúvidas e curiosidade, desconhecido) é um conhecimento morto.
Outra constatação interessante a partir da metáfora da árvore é que, se a copa da árvore cresce no mesmo ritmo que as raízes, então nosso conhecimento sobre o mundo (respostas) cresce junto com nosso desconhecimento (perguntas). Quanto mais sabemos, mais somos capazes de perguntar, isto é, exercer nossa curiosidade. A condição para que isso aconteça é a humildade.
A humildade, ou a atitude constantemente curiosa perante o outro e o mundo, é a condição primordial para a aprendizagem ocorrer.
Como fazer?
- Olhe atentamente para a figura abaixo:
- Quadrante 1 — sei que sei: aqui estão localizadas todas as coisas que você já tem consciência que aprendeu ou conhece. É preciso ter muito cuidado com esse quadrante porque o saber nunca é algo absoluto. Assumir que você tem certeza te impede de buscar e te congela em uma posição de arrogância. Saber que sabemos é importante, desde que saibamos também que sempre existe algo novo a ser descoberto.
- Quadrante 2 — sei que não sei: aqui você já começa a ter consciência sobre suas raízes. A ideia é assumir corajosamente as coisas que sabemos que não sabemos, e com isso abrir a possibilidade de aprender com a experiência e com o outro. No limite, nós nunca podemos dizer que “dominamos” algum assunto ou habilidade porque saberes não podem ser medidos com régua (se o tronco e as folhas crescem, crescem também as raízes…).
- Quadrante 3 — não sei que sei: você já viveu alguma situação em que precisou agir rapidamente e depois ficou se perguntando “como eu sabia fazer isso?” Existem coisas que sabemos, mas ainda não temos consciência disso. E às vezes nossa mente consciente pode nos dizer “eu não sei isso” porque, na verdade, temos medo de “descobrir” que sabemos.
- Quadrante 4 — não sei que não sei: perceber a existência desse quadrante é a essência da humildade. Parece complicado, mas a ideia é imaginar que sempre existem conhecimentos e saberes que nós sequer sabemos que existem (e muito menos os conhecemos de fato), mas eles estão lá e são muito importantes para alguém. A jornada para descobrir o mundo nunca acaba, pelo contrário, ela sempre cria raízes mais e mais profundas. A percepção quanto ao desconhecimento sempre aumenta, e essa pode ser uma poderosa motivação para viver.
- Para exercitar essas ideias sobre humildade, proponho que no desafio de hoje você faça o seguinte exercício:
- Os quadrantes 3 e 4 podem não ser tão fáceis de preencher. Vou dar algumas dicas sobre eles abaixo.
- Para o quadrante 3 (“não sei que sei”), você pode perguntar a pessoas próximas: “o que você vê que eu sei bastante sobre ou sei fazer bem, mas ainda não me dei conta disso?”
- Para o quadrante 4 (“não sei que não sei”), você pode buscar saberes sobre outras culturas ou sobre assuntos que você não sabe nada a respeito.
- O mais importante nesse desafio é cultivar o hábito de reconhecer o não saber, ou seja, perceber o tamanho do desconhecido diante de nós — e ele nunca acaba.
Resumo do desafio
- Faça o exercício dos quatro quadrantes acima para te ajudar a reconhecer o não saber
- Ao longo do seu percurso de aprendizagem, perceba que as raízes crescem junto com a árvore, ou seja, o desconhecimento cresce junto com o conhecimento
Para saber mais
- Livro “Educação democrática: o começo de uma história” de Yaacov Hecht.
- Post “Aprendizagem e conexão” que escrevi em 2018.
Desafios anteriores
- Desafio #15: Altere as premissas do problema (Criatividade)
- Desafio #14: Faça polinização cruzada (Criatividade)
- Desafio #13: Escolha um formato de conteúdo diferente (Criatividade)
- Desafio #12: Pare de concordar ou discordar por um dia (Escuta)
- Desafio #11: Use cinco perguntas para escutar melhor (Escuta)
- Desafio #10: Faça duplas de pensamento (Escuta)
- Desafio #9: Faça uma pequena entrega semanal (Organização)
- Desafio #8: Use um commonplace book (Organização)
- Desafio #7: Encontre-se com um buddy semanalmente (Disciplina)
- Desafio #6: 30 minutos de aprendizado por dia (Disciplina)
- Desafio #5: Faça encontros com o seu artista interior (Autocuidado)
- Desafio #4: Estimule seu cérebro criativo descansando ativamente (Autocuidado)
- Desafio #3: Faça uma curadoria de suas fontes de aprendizagem (Meta-aprendizagem)
- Desafio #2: Entreviste alguém mais experiente (Meta-aprendizagem)
- Desafio #1: Desenhe um mapa de aprendizado (Meta-aprendizagem)
São mais de 600 pessoas fazendo o Desafio juntas.
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