Desafio #16: Reconheça o não saber

[Desafio 30 Dias de Hábitos de Aprendizagem]

Alex Bretas
5 min readApr 28, 2020

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Conjunto: Humildade

O que é esse desafio?

Esse hábito pode ser descrito assim (“loop do hábito” de Charles Duhigg):

  • Deixa: sempre que estamos aprendendo algo
  • Rotina: perceber a importância do não saber
  • Recompensa: conexão, insights

Isso é o oposto de:

  • Deixa: sempre que estamos aprendendo algo
  • Rotina: achar que, em algum momento, você “dominará” o assunto
  • Recompensa: segurança, inflar o ego

Por que esse desafio é importante?

Como você costuma desenhar uma árvore? Provavelmente você desenha algo parecido com isso, certo?

A maioria de nós tende a desenhar árvores a partir de um tronco, galhos e folhas. No entanto, isso representa apenas a parte mais visível da árvore. As raízes raramente aparecem com destaque em nossos desenhos. Com apenas tronco, galhos e folhas, o que temos é uma meia árvore ou uma árvore morta.

Uma árvore viva deveria ser desenhada com as raízes ocupando um espaço tão importante quanto seus outros componentes. Essa metáfora representa a conexão profunda entre o desconhecimento (as raízes que não se vê) e o conhecimento (o tronco e os galhos). Uma árvore sem raízes é uma árvore morta. O conhecimento desconectado das raízes da falta de conhecimento (isto é, perguntas, dúvidas e curiosidade, desconhecido) é um conhecimento morto.

Outra constatação interessante a partir da metáfora da árvore é que, se a copa da árvore cresce no mesmo ritmo que as raízes, então nosso conhecimento sobre o mundo (respostas) cresce junto com nosso desconhecimento (perguntas). Quanto mais sabemos, mais somos capazes de perguntar, isto é, exercer nossa curiosidade. A condição para que isso aconteça é a humildade.

A humildade, ou a atitude constantemente curiosa perante o outro e o mundo, é a condição primordial para a aprendizagem ocorrer.

Como fazer?

  • Olhe atentamente para a figura abaixo:
  • Quadrante 1 — sei que sei: aqui estão localizadas todas as coisas que você já tem consciência que aprendeu ou conhece. É preciso ter muito cuidado com esse quadrante porque o saber nunca é algo absoluto. Assumir que você tem certeza te impede de buscar e te congela em uma posição de arrogância. Saber que sabemos é importante, desde que saibamos também que sempre existe algo novo a ser descoberto.
  • Quadrante 2 — sei que não sei: aqui você já começa a ter consciência sobre suas raízes. A ideia é assumir corajosamente as coisas que sabemos que não sabemos, e com isso abrir a possibilidade de aprender com a experiência e com o outro. No limite, nós nunca podemos dizer que “dominamos” algum assunto ou habilidade porque saberes não podem ser medidos com régua (se o tronco e as folhas crescem, crescem também as raízes…).
  • Quadrante 3 — não sei que sei: você já viveu alguma situação em que precisou agir rapidamente e depois ficou se perguntando “como eu sabia fazer isso?” Existem coisas que sabemos, mas ainda não temos consciência disso. E às vezes nossa mente consciente pode nos dizer “eu não sei isso” porque, na verdade, temos medo de “descobrir” que sabemos.
  • Quadrante 4 — não sei que não sei: perceber a existência desse quadrante é a essência da humildade. Parece complicado, mas a ideia é imaginar que sempre existem conhecimentos e saberes que nós sequer sabemos que existem (e muito menos os conhecemos de fato), mas eles estão lá e são muito importantes para alguém. A jornada para descobrir o mundo nunca acaba, pelo contrário, ela sempre cria raízes mais e mais profundas. A percepção quanto ao desconhecimento sempre aumenta, e essa pode ser uma poderosa motivação para viver.
  • Para exercitar essas ideias sobre humildade, proponho que no desafio de hoje você faça o seguinte exercício:
  • Os quadrantes 3 e 4 podem não ser tão fáceis de preencher. Vou dar algumas dicas sobre eles abaixo.
  • Para o quadrante 3 (“não sei que sei”), você pode perguntar a pessoas próximas: “o que você vê que eu sei bastante sobre ou sei fazer bem, mas ainda não me dei conta disso?”
  • Para o quadrante 4 (“não sei que não sei”), você pode buscar saberes sobre outras culturas ou sobre assuntos que você não sabe nada a respeito.
  • O mais importante nesse desafio é cultivar o hábito de reconhecer o não saber, ou seja, perceber o tamanho do desconhecido diante de nós — e ele nunca acaba.

Resumo do desafio

  • Faça o exercício dos quatro quadrantes acima para te ajudar a reconhecer o não saber
  • Ao longo do seu percurso de aprendizagem, perceba que as raízes crescem junto com a árvore, ou seja, o desconhecimento cresce junto com o conhecimento

Para saber mais

  • Livro “Educação democrática: o começo de uma história” de Yaacov Hecht.
  • Post “Aprendizagem e conexão” que escrevi em 2018.

São mais de 600 pessoas fazendo o Desafio juntas.

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Alex Bretas

Alex Bretas é escritor, palestrante e fundador do Mol, a maior comunidade de aprendizagem autodirigida do Brasil. Saiba mais em www.alexbretas.com.