Esta Pesquisa Em Educação Eu Adoraria Fazer…

As pessoas educadoras e o seu “brinuzói”

Alex Bretas
2 min readDec 5, 2024

Eu estou um pouco afastado das pesquisas acadêmicas em educação.

Durante um tempo, fiz mestrado na Faculdade de Educação da USP (depois de concluir meu doutorado informal — sabe como é, a ordem desses títulos não significa muito pra mim).

Foi bom, aprendi um montaréu de coisa — e também testemunhei a montanha de contradições do sistema.

Mas sabe uma pesquisa em educação que eu adoraria fazer? (e que talvez já tenha alguém por aí fazendo?)

O quanto de “brinuzói” as professoras e professores (ainda) têm.

O quanto essas pessoas se sentem livres e conseguem firmar o pé para serem realmente criativos na sua prática, na sua sala de aula, na sua escola, no seu chão, a partir das conexões que vão tecendo continuamente com quem o habita.

O quanto respiram de autonomia profissional. O quanto se percebem como agentes de transformação. O quanto sentem que “podem” — como se vê na ideia de “empodimento” de Tião Rocha.

Não estou falando de pessoas educadoras que acreditam exatamente no que eu acredito (aprendizagem autodirigida/livre de coerções de toda ordem).

Até pode ser isso, mas é algo além disso.

Sabe aquele professor ou professora que ainda não morreu (como diz José Pacheco)?

Isso é o brinuzói — ou, em português culto, brilho nos olhos.

Minha hipótese é que escolas onde há muitas professoras e professores com brinuzói são melhores — não necessariamente no sentido do desempenho escolar, até porque isso não quer dizer nada, mas de:

  • Pluralidade de perspectivas de mundo
  • Preparação para a vida
  • Motivação para aprender
  • Senso comunitário e conexão com o território
  • Vínculo entre pessoas educadoras e estudantes (e também de alunes entre si)
  • Menos bullying, discriminação e violências
  • Saúde mental
  • etc.

Faz sentido?

Iniciativas como a BNCC (Base Nacional Comum Curricular), ENEM e vestibulares apagam o brinuzói, pois toda a riqueza possível da educação escolar, ao ser enfiada dentro desses canais estreitos, é reduzida a um único filete d’água conteudista, massificador e mediocrizante.

Neste artigo — em inglês, mas, como sempre digo aqui, é só usar o tradutor do navegador que dá pé –, Peter Gray, um dos maiores pesquisadores em aprendizado livre do mundo, descreve o que aconteceu nos Estados Unidos a partir da institucionalização do Common Core (o currículo nacional de lá).

O cenário não é nada animador.

E se os governos criassem uma Política Nacional de Brinuzói na educação? Ou um Programa de Reencantamento Escolar?

Eu adoraria participar de algo assim.

E o seu brinuzói, a quantas anda? Como seria uma educação pautada pelo brinuzói das pessoas?

Me conta nos comentários! 🤩

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Alex Bretas
Alex Bretas

Written by Alex Bretas

Alex Bretas é escritor, palestrante e fundador do Mol, a maior comunidade de aprendizagem autodirigida do Brasil. Saiba mais em www.alexbretas.com.

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