Este é o modo de se relacionar que mais promove aprendizagem
Escrevi o artigo abaixo para a collab que fiz com o Instituto Amuta e a nōvi.
Ele está publicado no relatório Relacionar para Aprender, o resultado final da nossa colaboração que eu recomendo muuuuito que você dê uma olhada.
Clique aqui para fazer o download (ao acessar a página, é só clicar no botão “Acessar” embaixo do título “Relacionar para aprender”): https://www.institutoamuta.com.br/blog.
O modo de se relacionar que promove a aprendizagem tipicamente humana
Embora eu seja um ativista da aprendizagem autodirigida, eu acredito que é impossível aprender sozinho — até porque as duas coisas estão longe de serem sinônimas.
Em última instância, isso ocorre porque é impossível existir sozinho.
Para que possamos viver, uma complexa e intrincada teia de relações deve nos atravessar de diferentes formas, desde os trilhões de bactérias existentes no nosso corpo-comunidade até as diferentes espécies vivas e elementos químicos com os quais precisamos interagir a partir do primeiro instante de nossas vidas.
A complexidade desses ecossistemas de relações que nos formam é imensa. E, a cada nova interação, calibragens são feitas para possibilitar que mudemos em consonância com o nosso meio.
Essas calibragens — que com o tempo se acumulam, tornando-se a colcha de retalhos que é cada pessoa — são, sobretudo, aprendizagens. O mundo nos desenha através das relações que tecemos com ele, e nós o desenhamos de volta.
Aprender, nesse sentido, é como respirar. Não percebemos que o fazemos, mas, se pararmos de respirar, morreremos.
Contudo, o aprender humano é também uma outra coisa.
Assim como podemos tomar consciência da nossa respiração e manipular seus ritmos e intensidades intencionalmente, o mesmo ocorre com o aprendizado. Podemos ter um alto grau de intencionalidade ao aprender. Podemos buscar ativamente a descoberta, formular perguntas, contemplar de modo senciente o desconhecido.
Tanto o aprendizado incidental (a respiração que ocorre sem prestarmos atenção) quanto o aprendizado intencional (a respiração consciente) são atravessados pelas relações, mas de diferentes maneiras.
Enquanto o primeiro se dá pelas calibragens intuitivas que fazemos nos relacionando com o mundo, o segundo é formado por escolhas conscientes que podemos fazer para aprimorar nossa experiência — isto é, nossas relações — com o mundo.
Quando nos deparamos com um problema, uma curiosidade ou um propósito importante, podemos escolher investigar um pouco mais. Podemos escolher adotar uma atitude de busca, de pesquisa, de criação de possibilidades, de experimentação, de treino, de reflexão.
É exatamente isso que ocorre quando estabelecemos uma intenção de aprender mais sobre qualquer coisa.
A partir daí, podemos utilizar as diversas fontes de aprendizado (Conteúdos, Experiências, Pessoas e Redes — CEP+R) para solidificar essa intenção. Ao organizarmos essas fontes e as formas estruturadas ou não pelas quais vamos nos relacionar com elas para aprender, estaremos criando percursos de aprendizagem para nós mesmos.
Ao meu ver, tudo isso compõe o verdadeiro aprendizado. A instrução em massa compulsória baseada em comando-e-controle que chamamos de “educação” é uma adulteração grosseira desses processos naturais de conhecimento da espécie humana.
As relações que se criam a partir desse modo educacional instrutivo e controlador são perniciosas para a aprendizagem, pois matam aos poucos a espontaneidade e o desejo por descobrir.
Humberto Maturana diria que relações desse tipo não são de fato relações sociais, pois o “social” é feito de relações onde ninguém está tentando controlar ou cercear ninguém. No tecido social maturaniano, estamos todos aprendendo o tempo todo com os outros e conosco mesmos em relações não instrutivas, mas de afeto, troca e reflexão.
A instrução até pode ser solicitada, e talvez nesses momentos seja bem-vinda.
Mas a aprendizagem tipicamente humana se dá, especialmente, através de relações voluntárias e antipedagógicas.
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