“O momento em que achamos que sabemos algo é o momento em que perdemos a conexão”
A frase acima é do David Shidoll e me foi apresentada pela Thayna Meirelles, fundadora da Konekti.
Desde que a escutei pela primeira vez, essa sabedoria passou a habitar em mim.
Quando eu acho que sei o que minha namorada está sentindo, eu perdi a conexão.
Quando eu acho que sei o significado de determinada experiência vivida pelo meu pai, eu perdi a conexão.
Quando eu acho que sei o que é importante que o meu filho aprenda, eu perdi a conexão.
Perdi a conexão não só com eles — com minha namorada, meu pai e meu filho -, mas, de certo modo, também comigo mesmo.
Pra mim, “perder a conexão” significa perder a oportunidade de descobrir algo novo continuamente. E também de SE redescobrir continuamente.
Existe um anseio biológico muito forte que anima o ser humano a decifrar os mistérios da vida. Precisamos SABER o que está acontecendo, senão podemos nos sentir confusos, angustiados e ansiosos.
Há uma explicação evolutiva pra isso. Saber das coisas já nos salvou de sermos comidos pelos leões e de ficarmos sem água na tribo.
Contudo, agora nós já sabemos que o saber é traiçoeiro.
Conhecer muito sobre um assunto pode facilmente te converter em alguém arrogante, que não se dispõe a revolucionar o próprio saber.
Conhecer muito alguém pode facilmente prejudicar a relação, na medida em que você cristaliza a pessoa em sua mente e não permite o seu desabrochar constante.
Conhecer demais a si mesmo pode facilmente te manter em uma prisão — porque você não se permite viver de outras formas, escolher outras coisas e explorar novas versões de si mesmo.
A “conexão” perdida às vezes nunca é recuperada. Se você SABE que é depressivo, se você SABE que o mundo é um lugar perigoso, se você SABE que sua fé é a única reveladora da verdade, então talvez você também esteja afirmando que nunca poderá saber diferente.
É por isso que essa frase do David Shidoll se tornou um lembrete perene pra mim mesmo.
Porque biologicamente eu sei que meu cérebro vai querer preencher os “vazios” de sentido com julgamentos e “certezas”.
Mas eu também sei que “o momento em que achamos que sabemos algo é o momento em que perdemos a conexão”.
Existe uma força poderosa em suspender permanentemente suas certezas sobre si, os outros e o mundo.
Você usa o seu conhecimento para agir no mundo, mas nunca aposta 100% das suas fichas nele.
Existe uma força poderosa em ser capaz de navegar pelo mistério sem tentar decifrá-lo.
O horizonte serve para nos fazer caminhar, já dizia Galeano. Então, o meu desejo é que o mistério seja o horizonte da sua vida.
Não porque um dia você irá solucioná-lo.
Mas porque, durante a caminhada, você nunca perderá a conexão.