Precisamos parar de querer superhumanos nas organizações

Alex Bretas
2 min readOct 16, 2019

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Criativo. Protagonista. Com senso de dono. De alta performance. Comprometido com o nosso propósito. Engajado. Inovador. Ágil. Dá conta de problemas complexos. Intraempreendedor. Futurista. Accountable. Transparente. Empoderado e empoderador. Autônomo (até a página 2). Líder. Coach. Equilibrado emocionalmente. Resiliente. Entrega resultado. Networker.

A lista poderia continuar infinitamente. No meu trabalho na teya, vejo todos os dias adjetivos como esses sendo exigidos para que alguém obtenha reconhecimento no ambiente organizacional.

Será que estamos obrigando as pessoas a se tornarem superhumanos nas organizações?

Acredito que, em muitos lugares, sim. E, se você trabalha em algum deles, é provável que você já tenha se sentido ansioso, estressado, desajustado e angustiado com listas tão extensas de características esperadas. Não somente esperam muito de você. Esperam que você seja perfeito — nos moldes do RH, é claro.

Tantas demandas não geram apenas sofrimento emocional e psíquico. Elas também contribuem para reduzir a diversidade. Algumas pessoas simplesmente possuem inclinações para performar de um ou outro jeito.

Algumas trabalham melhor em equipe, outras trabalham melhor individualmente. Algumas são mais caóticas e criativas, outras são mais organizadas e analíticas. Algumas adoram inovações, outras preferem seguir rotinas.

Isso não seria algo natural?

Não estou defendendo que deixemos de aprender e mudar. Estamos sendo o tempo todo, nunca somos algo em definitivo. Meu ponto é que a pressão para que nos tornemos supertrabalhadores cria um fardo não apenas para o indivíduo, mas também para a própria organização.

Ambientes que pressionam muito as pessoas a se “esculpirem” de uma certa maneira são, via de regra, ambientes pobres em inovação, autonomia e colaboração.

Precisamos sentir que o nosso eu autêntico é valorizado para performar bem.

Isso significa tolerar aspectos que jogam contra a cultura organizacional que se quer estabelecer? Não.

Mas, definitivamente, significa ampliar o espectro de diversidade da cultura almejada.

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Alex Bretas
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Written by Alex Bretas

Alex Bretas é escritor, palestrante e fundador do Mol, a maior comunidade de aprendizagem autodirigida do Brasil. Saiba mais em www.alexbretas.com.

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