Um Jeito de Inovar Enquanto Se Faz A Mesma Coisa De Sempre

Como os puxadinhos ajudam a transformar a educação

Alex Bretas
2 min readOct 1, 2024

Se você me acompanha aqui, já deve ter sacado que eu acredito muito na ideia de que “para mudar, é preciso criar novos sistemas que tornem os antigos obsoletos”.

Esse pensamento, popularizado pelo visionário Buckminster Fuller, é central nas minhas construções sobre aprendizagem autodirigida em comunidade.

Só que tem gente que acha que, uma vez que penso isso, significa que eu quero destruir toda a educação tradicional — e substituí-la, como que num passe de mágica, por um sistema totalmente autodirigido.

Não é bem assim. Até porque é impossível.

Mas sabe o que dá pra fazer? E que ainda é coerente com a lógica de “criar o novo em vez de ficar lutando contra o antigo”?

Puxadinhos.

“No Brasil, é muito comum, principalmente nas regiões de periferia, os chamados puxadinhos, as famosas casas nas lajes, onde num mesmo terreno e na mesma construção há duas ou mais casas edificadas”.

Os puxadinhos são famosos no Brasil. Quase todo mundo já viu (ou fez) um.

Você tem a sua casa antiga, e aí você vai angariando recursos, um pouco por vez, para “bater uma laje”. Aquele novo chão vai tomando forma, você trabalha nele com todo carinho, sem deixar cair a peteca dos seus afazeres habituais.

E aí, PIMBA, você tem um novo quarto! Uma nova sala! Uma nova casa!

No contexto educacional — seja uma escola, universidade ou empresa –, ficar tentando mudar como tudo funciona é um dispêndio enorme de energia.

É como demolir sua casa atual para construir uma nova. Envolve muita coisa. Aí você acaba desistindo.

Mas um puxadinho… Ah, um puxadinho você consegue fazer.

  • Um projeto de extensão
  • Um dia na semana com algo não usual
  • Uma série de eventos inovadores
  • E outros espaços mais autodirigidos / comunitários / tesudos que você pode inventar (importante que sejam recorrentes, senão o puxadinho não para de pé)

O puxadinho traz frescor para os pulmões. Faz brilhar retinas. É um novo cômodo onde tudo é possível.

E não tem problema se ele for esburacado — é por ali mesmo que a luz entra no restante da casa.

Obs.: aqui está o link da citação sobre os puxadinhos.

🏗️ E você, tá trabalhando em algum puxadinho no momento? Tem vontade de criar um?

Me conta se essa metáfora fez sentido por aí?

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Alex Bretas

Alex Bretas é escritor, palestrante e fundador do Mol, a maior comunidade de aprendizagem autodirigida do Brasil. Saiba mais em www.alexbretas.com.