Muitas Pessoas São Mais Comunitárias do que Pensam, Mas Estão nas Comunidades Erradas

Alex Bretas
2 min readAug 21, 2024

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Você já sentiu isso — uma vontade profunda e ontológica de pertencer, mas tudo que parece estar disponível ali é se encaixar?

Vou te contar uma situação que vi acontecer muitas e muitas vezes com crianças e jovens (e também adultes) que estavam nas comunidades/relações erradas, mas que, em algum momento, encontraram espaços verdadeiramente nutridores de suas existências.

A pessoa murcha. Vai murchando, murchando, até que eventualmente se acostuma com esse estado de morto vivo.

Vai sendo silenciada, pois não consegue encontrar um lugar único para a sua voz no coral social que habita.

(E o ser humane é um bicho que, se não consegue se encontrar com a singularidade bonita da sua própria voz, minine… num costuma dar bom, não)

Essa pessoa, que às vezes é uma criança em uma escola autoritária e cheia de bullying (como a maioria das escolas são), ou uma pessoa jovem que não se identifica profundamente com nenhum de seus espaços de socialização, ou uma pessoa adulta que pode até já ter perdido a fé na humanidade por sempre se sentir aprisionada em uma sociabilidade débil, ela provavelmente vai acabar pensando em algum momento: “o problema sou eu”.

Ela vai se achar tímida. Ou introvertida (algumas pessoas realmente são). Ou inadequada. Ou descabida. Ou simplesmente pouco participativa e propositiva nas relações e grupos dos quais faz parte — mesmo não fazendo de fato.

Você já sentiu algo parecido com isso?

Eu já.

Mas aí — olha só que coisa boa -, milagres acontecem.

Comunidades novas surgem, às vezes por meio de uma relação nova, um desejo, uma curiosidade… Um sopro de vida farta em meio às cinzas.

E aí é engraçado ver como a pessoa muda. Ela desabrocha, se afirma no mundo, fica de pé.

Torna-se mais falante, mais relaxada, mais corajosa (pois a coragem é um fenômeno eminentemente comunitário), mais inventiva.

É bonito de ver.

Seja em comunidades voltadas para o aprender juntes, trabalhar juntes ou viver juntes (embora, em alguma medida, todas tenham um pouquinho de cada coisa), esse fenômeno pode acontecer.

As pessoas são mais comunitárias do que pensam — pois essa é uma condição inerentemente humana. Elas às vezes só estão nas comunidades erradas.

Obs.: a distinção perspicaz entre “pertencer” e “se encaixar” eu aprendi com a Marcelle Xavier e os três propósitos de comunidades (aprender juntes, trabalhar juntes e viver juntes) eu aprendi com o Fabian Pfortmüller. Obrigado!

Estou curioso para saber se você já teve essa sensação de estar nas comunidades erradas (meu palpite é que é algo bem comum).

Se você tem alguma história relacionada a isso, me conta nos comentários? Bora iniciar uma conversa? 😄

Originally published at https://alexbretas11.substack.com.

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Alex Bretas
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Written by Alex Bretas

Alex Bretas é escritor, palestrante e fundador do Mol, a maior comunidade de aprendizagem autodirigida do Brasil. Saiba mais em www.alexbretas.com.

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