Muitas Pessoas São Mais Comunitárias do que Pensam, Mas Estão nas Comunidades Erradas
Você já sentiu isso — uma vontade profunda e ontológica de pertencer, mas tudo que parece estar disponível ali é se encaixar?
Vou te contar uma situação que vi acontecer muitas e muitas vezes com crianças e jovens (e também adultes) que estavam nas comunidades/relações erradas, mas que, em algum momento, encontraram espaços verdadeiramente nutridores de suas existências.
A pessoa murcha. Vai murchando, murchando, até que eventualmente se acostuma com esse estado de morto vivo.
Vai sendo silenciada, pois não consegue encontrar um lugar único para a sua voz no coral social que habita.
(E o ser humane é um bicho que, se não consegue se encontrar com a singularidade bonita da sua própria voz, minine… num costuma dar bom, não)
Essa pessoa, que às vezes é uma criança em uma escola autoritária e cheia de bullying (como a maioria das escolas são), ou uma pessoa jovem que não se identifica profundamente com nenhum de seus espaços de socialização, ou uma pessoa adulta que pode até já ter perdido a fé na humanidade por sempre se sentir aprisionada em uma sociabilidade débil, ela provavelmente vai acabar pensando em algum momento: “o problema sou eu”.
Ela vai se achar tímida. Ou introvertida (algumas pessoas realmente são). Ou inadequada. Ou descabida. Ou simplesmente pouco participativa e propositiva nas relações e grupos dos quais faz parte — mesmo não fazendo de fato.
Você já sentiu algo parecido com isso?
Eu já.
Mas aí — olha só que coisa boa -, milagres acontecem.
Comunidades novas surgem, às vezes por meio de uma relação nova, um desejo, uma curiosidade… Um sopro de vida farta em meio às cinzas.
E aí é engraçado ver como a pessoa muda. Ela desabrocha, se afirma no mundo, fica de pé.
Torna-se mais falante, mais relaxada, mais corajosa (pois a coragem é um fenômeno eminentemente comunitário), mais inventiva.
É bonito de ver.
Seja em comunidades voltadas para o aprender juntes, trabalhar juntes ou viver juntes (embora, em alguma medida, todas tenham um pouquinho de cada coisa), esse fenômeno pode acontecer.
As pessoas são mais comunitárias do que pensam — pois essa é uma condição inerentemente humana. Elas às vezes só estão nas comunidades erradas.
Obs.: a distinção perspicaz entre “pertencer” e “se encaixar” eu aprendi com a Marcelle Xavier e os três propósitos de comunidades (aprender juntes, trabalhar juntes e viver juntes) eu aprendi com o Fabian Pfortmüller. Obrigado!
Estou curioso para saber se você já teve essa sensação de estar nas comunidades erradas (meu palpite é que é algo bem comum).
Se você tem alguma história relacionada a isso, me conta nos comentários? Bora iniciar uma conversa? 😄
Originally published at https://alexbretas11.substack.com.